11 de fev. de 2012

De zero a dez: cinco.

What I need is a good defense
'Cause I'm feeling like a criminal
And I need to be redeemed
To the one I've sinned against




Eu estava fodida. Completamente fodida. Não havia restado nada, tudo havia sido entregue de bom grado àquele outro. Já não fazia a menor ideia de em que mesa de bar ou na cama de que puta ele havia largado meu coração.

Então você apareceu. Você e seu sorriso sem graça. Você e seu gosto mediano pra música, seu curso chatinho na faculdade, sua falta de brilho. Morno, pálido, cheiro de escritório. E então eu não me apaixonei.

Nós nunca discutimos, nunca gritamos um com o outro. Nunca derrubamos uma lágrima sequer. Nunca trocamos um abraço de conforto. Você nunca precisou me tomar nos seus braços, enxugar minhas lágrimas e me dizer que tudo ficaria bem e então me beijar, como se com um beijo todas as mazelas pudessem ser sugadas, transmutadas em vontade. Trepávamos mornamente, e meu único prazer naquela cama era o de me espreguiçar e sentir o roçar do edredon na minha pele.

Permanecemos assim, e achava que isso era tudo o que eu poderia ter, porque eu estava vazia. Veja bem, há um preço em estar viva e eu não tinha como pagar. Até o dia que tive.

Foi quando eu percebi que ali não era meu lugar e me despedi. E então você finalmente gritou. Xingou, mordeu, agrediu e chorou. Chorou como gente grande e pediu pra eu ficar, porque me amava. E naquele momento, eu quase te amei, eu juro. Foi o mais próximo de amor que eu cheguei em todos aqueles meses, mas eu não podia mais ficar. Uma quase paixão me inundou e foi o que me deu forças para seguir, na direção oposta à sua.

Eu era uma filha da puta.

2 comentários:

Anônimo disse...

Para quem será que foi este post?

R. disse...

É pura ficção ou extrapolação de uma realidade que não aconteceu, pode ficar sussa.