Já faz tanto tempo. Não sei mais se tudo o que eu lembro de você é realidade ou se te criei em sonho e resolvi que existias. Tua boca farta, parecia sempre estar pronta para me beijar. Teus cabelos pretos, sempre bagunçados, pediam para que eu perdesse meus dedos neles e te puxasse para junto de mim.
Você me fez quem sou, me fazendo repetir teu nome devagar: "Va-len-ti-na". Polissílaba, polígona, plural. Você e a sua legião. Todas essas que moram no teu peito e que me prendem junto à você, mesmo você sequer estando aqui. E quase gosto de carregar todas as cicatrizes que você deixou. Carrego o teu nome e um pecado teu em cada uma delas e não me importo. Se hoje eu apago o cigarro na palma da mão e não sinto dor, a culpa é tua, Valentina.
E eu te procuro em cada garota de cabelo preto que eu vejo passar. E enquanto elas rebolam em cima de mim, eu as olhos nos olhos e então me dou conta: não é você. Elas nunca terão as tuas coxas mornas, úmidas. Nunca terão teu pescoço macio, pulsante. Elas nunca terão o teu gemido, meu amor. Elas nunca terão meu coração em suas mãos.
Se você estivesse aqui, tudo seria diferente. Eu largaria minha esposa, eu fugiria com você. Eu nunca iria te fazer chorar de novo. Eu não tingiria tua pele tão branca de vermelho.
Eu sinto muito, eu sinto tanto.
Você teria sido minha, Valentina?
2 comentários:
Crepax :}
Muito bom, Rach! E feliz dia 'da Valentina'!
<3
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