14 de jul. de 2013

Sem nome.

Eu não dei nome. Eu não pedi pra você ficar. Fui eu quem ficou e segurou a sua mão. E alisou tua testa suada e beijou tua boca de leve, enquanto você dormia. Fiquei parado, te ouvindo ressonar.

Fiquei, mesmo quando longe. O tempo todo, ao lado das tuas vontades.
E estar ao teu lado é estar sozinho, porque é frio teu não-abraço. Porque as coisas sobre mim são pesadas e você não tem braços fortes.

Quando fui embora, você me olhou em silêncio. Não houve uma despedida, porque não somos bom nisso. Você sabia (e eu também) que numa história como a nossa, não cabia um adeus. Peguei minhas coisas e parti, sabendo que não voltaria.

Não havia como voltar, porque eu deixei de ser. .

Quando nos reencontramos, nem nossos nomes eram os mesmos (e talvez por isso suportamos a presença um do outro). Seus cabelos estavam diferentes, eu estava mais magro, mais velho, mais cansado. Você havia parado de fumar. Eu havia começado a beber. Definitivamente, não éramos sequer sombra de quem um dia fomos.

Então nossos olhos se cruzaram.

Se havíamos guardado qualquer resquício de quem fomos, isto encontrava-se por traz do cristalino. Minha fagulha encontrou a tua e então se fez faísca. O fogo nos inundou e em questão de segundos voltamos a ter nossos antigos nomes.
E então o fogo consumiu-se. Nossos nomes foram para sempre engolidos pelo fogo e nada restou. Deixamos de ser sombra e viramos dois pedaços de carvão.

Nunca houve outra como você. Nunca mais eu vivi algo sem nome. Nunca mais fiquei, por ninguém.

Deixando um rastro negro, segui em frente. Segui, enfim.


Um comentário:

Mariane Winkler disse...

só pra constar, adoro seu blog <3