12 de abr. de 2013

Quase otimismo.

As coisas,  todas elas, estão em seus devidos lugares. Os cds na prateleira, organizados em ordem alfabética, em escala cromática. Os livros empilhados e não há sequer sinal de pó. Os gatos dormem tranquilos e está tudo bem. Ou deveria estar.

Mexo displicentemente o copo de uísque, porque gosto do barulho que o gelo faz quando encontra o vidro. "As coisas estão em seus devidos lugares" - repito. Está tudo bem e o dia está morno e manso. No entanto, existe a inquietação.

E essa é a parte que só aqueles que possuem um coração aflito entenderão. Porque o mundo pode estar correto em sua rotação, transladando pelo espaço sem sair de sua rota e a sensação que mora em meu peito é a de que todos os caminhos me levarão à colisão. O caos está dentro e não fora. Nessa sensação de que algo está inadequado, talvez esse algo seja eu.

Inadequadamente me sento ao seu lado. E penso o quanto seria inadequado correr a curva do seu pescoço e sentir o seu cheiro. Deve ser isso, essa coisa quase-bicho, meio-instinto. Me contento em sorrir para você, em silêncio. Você sorri de volta, e eu tremo. É a possível colisão.

São as possibilidades, então. E o sangue volta a correr com força. Inadequada, de certo.

Mas com algum balanço.

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