Eu vou sentar e ver o rio passar. Não do alto de uma pedra, mas à margem, com os pés enterrados na lama. Porque sou parte do rio também, porque já me alimentei dos peixes daqui e bebi dessa água.
E se o rio não é o mesmo, eu também não sou. Paro e vejo outro se banhar no rio que fora meu. Nas águas que eu mal tive tempo de conhecer. Comendo dos peixes que eu pouco sei. Era meu rio e não é mais. Eu não sou mais.
Permaneço sentada, quieta. A paisagem me toma para si, e então não me faço perceber. O rio esquece meu nome, quem se banha nele esquece meu rosto. Me torno lama da margem, parte esquecida. E ser margem é nunca saber se você é parte do rio ou da terra firme. É a indefinição.
O rio corre.
Eu permaneço.
2 comentários:
:~
Apenas amo. Você e o que escreve. Sem palavras.
Com amor,
Fê. <3
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