17 de fev. de 2013

Na margem

Eu vou sentar e ver o rio passar. Não do alto de uma pedra, mas à margem, com os pés enterrados na lama.  Porque sou parte do rio também, porque já me alimentei dos peixes daqui e bebi dessa água.

E se o rio não é o mesmo, eu também não sou. Paro e vejo outro se banhar no rio que fora meu. Nas águas que eu mal tive tempo de conhecer. Comendo dos peixes que eu pouco sei. Era meu rio e não é mais. Eu não sou mais.

Permaneço sentada, quieta. A paisagem me toma para si, e então não me faço perceber. O rio esquece meu nome, quem se banha nele esquece meu rosto. Me torno lama da margem, parte esquecida. E ser margem é nunca saber se você é parte do rio ou da terra firme. É a indefinição.

O rio corre.

Eu permaneço.

2 comentários:

Thaina disse...

:~

Fê disse...

Apenas amo. Você e o que escreve. Sem palavras.


Com amor,
Fê. <3