15 de fev. de 2013

Abismo.

Eu ouço tua respiração, prendo a minha e conto até três. Porque estar perto de você é mergulhar no vazio.
Meu corpo junto ao teu e eu esqueço dos perigos, os barulhos de fora se desfazem nos nossos barulhos e qualquer feixe de luz reflete nos teus olhos. Me faço cega.

É o teu cheiro e a tua boca que me arrastam pro fundo de qualquer coisa sem nome, e tuas mãos que me puxam pros lugares certos. É quando o ar quase falta que se faz o meu sorriso. E te olhar, incansavelmente, na vontade de fazer com que meus pensamentos sejam lidos.

São os encaixes, todos eles. E o ritmo das coisas. São teus dentes e minha carne que se encontram e se completam. Cada marca e cada beijo e o teu leve desespero em não me machucar. Mais forte, e eu sorrio.

Mas não foi nada. Não foi além da segunda página.
Porque depois do teu abismo, vem o meu.

Espero pela hora em que você ouça a minha respiração, prenda a tua e conte até três.

Sua vez.

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