28 de fev. de 2013

Luz e sombra.

Nunca gostou do limiar. No entanto, era adepta das coisas explosivas. Tudo sempre vinha em muito: grandes ondas, grandes chuvas, grandes choros. Mas nada era maior que o seu sorriso.

Ela sorria e o sol brilhava um pouco mais tímido, porque ela era luz. Proporcional era sua sombra, mas ela também sabia se fazer confortável no escuro. Pertencia aos dois mundos indistintamente, porque era híbrida. Era feita de luz, sombra e remendos. Feita de pontos bem dados, de arremates certos. E de joelhos marcados, pelos tombos e pelas vezes que ajoelhou de bom grado, porque gostava de ver lá debaixo alguns sorrisos satisfeitos quando ajoelhava-se.

Mordia e sorria, gemia e sorria, chorava e sorria. E ninguém nunca entendeu ao certo a dualidade dos seus sentimentos, ninguém entendia de onde vinha tanto amor. Mas era o que ela sabia fazer: amar as coisas e pessoas no balanço do tempo. Ela sabia melhor que ninguém que o mundo engana, que as pessoas machucam. É falta de amor, ela dizia. E amava de volta qualquer coisa que a magoasse.

Era louca, de fato. E ria de novo. E de novo.

E quando o mundo se encontra bagunçado demais, pesado demais, cinza demais (não que cinza seja algo ruim, era a cor preferida dela, isso é só uma metáfora), ela faz arco-íris com os dedos. Não que eu tenha a menor ideia de como ela faz isso, mas eu vi. As sete cores em seus dez dedos.

Ela fecha os olhos e roda sete vezes. E escolhe um novo caminho.

"Tem um mundo inteiro lá fora pra eu amar."

There she goes.



3 comentários:

Anônimo disse...

Cada um que vá entender esse texto de uma forma diferente, eu loucamente e realmente loucamente me lembrei de um livro chamado O Caibalion, por alguns elementos salpicados.

Ricardo Guedes

Anônimo disse...

Que no teu girar, acabes em minha direção. Vem pra mim.

Camila Irala disse...

Você brilha tanto que as vezes cega vc mesma, sua linda <3 te amo