Era um choro manso, daqueles que se você não prestar atenção, nem nota. Porque ela era dessas que falam baixo e não te olham nos olhos quando conversam. Era dessas que não se fazem ouvir.
Tudo estava ruindo ao redor e ninguém sabia. Ela chorava pra dentro, como quando pequena, debaixo dos berros da mãe que a mandava engolir o choro. E foi o que ela fez novamente: engoliu todo o choro e toda a dor, sozinha. Ninguém a via sangrar, de tão transparente que era. Olhos e sangue sem cor alguma, sem brilho, sem nada.
Ele quase tropeçou nela, porque não a via. Ou porque estava olhando pra outra. Nem percebeu quando ela correu pro banheiro pra se esconder, pra não ter que olhar. Pra não precisar lidar com a felicidade dele, pra engolir outro soluço de raiva e tristeza.
E ela chorou pra si e se inundou. Era então tudo premeditado, para que afogasse assim seu coração. Para que doesse menos.
Ela entendeu que quando se é sozinho no mundo desde sempre, a gente aprende a se virar. Aprende a fazer parar de doer, pra poder seguir em frente. Não tem café na cama e nem sopa quente em dias de febre e mal estar. É só você e a sua dor.
Só você.
2 comentários:
Só uma palavra: Nhom!
Duas palavras: nhóim e OUCH!
<3
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