20 de jun. de 2014

Silêncio

Abri os olhos e desejei com tanta força que tudo aquilo fosse só um pesadelo que esqueci de respirar. Sufoquei de desejo, e os pulmões se encheram de realidade. Mal dava pra ouvir meu coração batendo e então eu me dei conta de que era só eu.

Estranhei o gosto salgado no café. Eram lágrimas. Meu peito estava encharcado, queimando. O cigarro sequer tinha gosto e a comida me dava náuseas. Eu só queria deitar no chão frio e esperar que tudo congelasse por dentro de novo.

Mas o teu amor era quente demais, e eu deixei queimar. Deixei você ocupar todos os espaços, construí um lar pra você dentro de mim. Você sequer veio buscar as chaves. O eco é ensurdecedor, e eu nunca mais vou cantar.

Eu devia ter fugido quando as minhas pernas me obedeciam, quando eu era forte o bastante pra isso, quando eu não havia te dado meu coração.

Eu fiquei. Quem fugiu foi você.

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