15 de jan. de 2013

Tormenta

Eu nunca soube do que acontece em alto mar. Nunca soube das ondas grandes, que devoram a si mesmas onde o mar é mais profundo. Nunca me falaram da chuva e do vento e das tormentas.

Tudo o que sei é que mesmo o mais agitado dos mares, em algum momento se torna calmo. Os barcos viram, eu sei. As pessoas se afogam. Seus corpos repousam tranquilos no fundo do oceano, na barriga de um peixe feio. O que resta da tormenta é vestígio do que foi e não é mais.

Dizem que no depois existe o céu azul e a brisa morna. E que se você estiver se aproximando da costa, verá albatrozes. E você pode estar agarrado à um pedaço de madeira, porque é tudo o que lhe resta e à isso você chamará de lar. Você agradecerá pela garrafa de rum boiando ao seu lado e rasgará no dente o peixe que você matou na unha.

Depois da tormenta, nem você nem o mar serão os mesmos. A tormenta come o seu nome e a sua razão. A tormenta come o balanço calmo das ondas. É na tormenta que a vida acontece e é nela que a vida se desfaz.

É na tormenta que repousam os corações aflitos.





Um comentário:

Thaina disse...

Creio que nada poderia ser mais apropriado para o meu dia. Obg, amg.