9 de fev. de 2011

No fundo.

Eu me dei conta do vazio. E então me vi nesse imenso desespero de preenchê-lo, de como quando são os buracos na piscina de plástico no quintal, colando aqueles adesivos para que nem uma gota escape e sendo remendos e retalhos.

Confundo o costume com saudades e me vejo na certeza de que o tempo que outrora fora preenchido pelas minhas risadas não me pertence mais. Alguém deve ter assumido o posto, e agora rindo em meu lugar, completando contigo as sentenças, como gêmea tua que um dia fui.

O faminto amor de João Cabral comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte. Cheguei a pensar que tivesse comido minha inspiração.

Mas havia luz antes e há de haver no depois. Há um outro eu, mais esperto e sacudido, com mais um retalho de piscina, transbordando. E se eu vejo tanta sombra, é porque em algum lugar há uma luz cegante.

Mariposa.

3 comentários:

Gonta disse...

não pára de escrever.

vc move pessoas escrevendo. pensa nisso.

C. disse...

O Gonta esta certo!

Obrigada por escrever Rach!

Camila Irala disse...

Apenas que Gonta tá certão