Vodkocentrismo

Eu te conheço desde sempre. Desde a hora que coloquei os pés aqui, nesse bar. Eu normalmente chego e checo o que há de bom nas prateleiras, eu não bebo qualquer coisa, mas ignorei o meu normal e vi você. E é isso que iria beber hoje.

Você sorria e falava com todos, esse sorriso quase branco, esse quase sorriso, esse quase você. Eu te conheço desde sempre, eu sabia que você não estava feliz. Você falava e gesticulava demais. Você é como eu, esconde tudo e age ao contrário do que é. E uma hora se afasta da multidão e vai beber sozinho, porque é triste, como eu.

Pedi o mesmo que você, porque gostamos das mesmas coisas, porque eu queria um vínculo. Eu não bebo qualquer coisa, já disse. E puxei conversa, você precisava saber de mim. Mas você estava preocupado demais com as suas mazelas e toda a dor que aquela uma te causou. Você nem sequer me notou.

Eu poderia ter sido a melhor coisa nos últimos tempos. Eu te surpreenderia e te tiraria dessa miséria toda. Eu sou incrível. Irritantemente incrível. Eu te daria o melhor sexo do mundo, sexo que não se compra porque até as putas tem suas ressalvas. Eu não tenho. Eu te daria tudo, quantas vezes você quisesse. E com o tempo eu te magoaria também. E quebraria seu coração. Muito mais do que ela..

Você não sabe o que perdeu.