27 de set. de 2010

Enquanto.

 "Sei que me encontro sozinho. 
Sei também quando me acho. 
Sei tudo o que você acha. 
O buraco é mais embaixo."
Alice Ruiz


Eram meus diários todos em códigos. Eu os abria anos mais tarde e nada fazia sentido. Aqueles sóis e estrelinhas e corações. Eles significaram algo, algum dia. Mas eu os olhava e pareciam desenhos débeis, e então compreendi, eles haviam cumprido seu propósito: eram enfim, códigos.

Percebi que continuo em códigos, desta vez não em desenhos, mas ainda débil. As palavras me escondem. Débil e dúbia. Hermética. Me falta a coragem de ser crua, ou talvez exista esse prazer secreto em nunca ser compreendida, esse masoquismo em letra bastão. Nada é real demais em mim, nada é totalmente verdade.

Nunca é.

No fim das contas, continuo no esquema solzinho - coraçãozinho - estrelinha. Nada explícita, sempre em códigos. O caos continua sendo a mais perfeita ordem.

Sempre.



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