13 de mai. de 2010

A incrível ditadora do reino de um homem só.

Ela chama aquilo de amor, e como o amor é dela, não sou eu quem vai dizer se é ou não. Mas acontece que como os ditadores, ela tomou o poder em tempos de crise, e assumiu total controle daquele coração.

Mudou todas as leis, as regras e as vontades, e o povo de um homem só nem se deu conta. Ou deu, mas acontece que ela era linda e doía não olhar, doía não fazer parte daquela vida.
Ela insistia que era amor, que  se não fosse ela, ninguém mais o amaria. E ele acreditava, tamanha a certeza com que ela afirmava.


Foi por amor então que ela controlava seus horários, exigia todas as atenções, eliminava seus amigos, confiscava todas as senhas. Ela deveria ser o tema único naquela vida, ser a inspiração das pinturas nas paredes, ser a razão de qualquer devoção.

E ele se deixava controlar por aquelas mãos tão pequenas e bem feitas, era mais fácil assim. Até o dia que deixou de ser.

Fiquem sabendo então que nem todo o caos é para sempre e vez ou outra as coisas se acertam e os ditadores também caem. Ele então percebeu que havia mais, que havia mundo. Que ditadores não existem sem algo para ser controlado. E ele então se rebelou.

E tudo se ruiu e então ele constatou que não era amor. Não era ódio, tampouco. Acontece que não era nada.

À ditadora restou apenas o destino dos déspotas: marcou-se na história  do povo de um homem só, mas as estatuas e quadros e leis foram queimados em praça pública, nada restou além de memória desbotada.

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